VOLTA A PORTUGAL EM BICICLETA
Francisco Joaquim da Silva |
A minha homenagem a FRANCISCO JOAQUIM DA SILVA, antigo ciclista, talentoso, valente, estóico, mais conhecido por "O FRANCÊS".
Monsul, 1909 – Póvoa de Lanhoso, 1983.
Francisco Joaquim da Silva emigrou, ainda jovem, para França, onde permaneceu cerca de oito anos, situação que lhe deu o epíteto de “Francês”, pelo qual viria a ser conhecido durante toda a sua vida. Em França jogou futebol na União Desportiva Portuguesa e apaixonou-se pelo ciclismo, modalidade na qual viria a destacar-se pelo talento e força atlética que possuía.
A primeira edição da Volta a Portugal em Bicicleta, que passou pela vila da Póvoa de Lanhoso, realizou-se em Maio de 1927. Depois, a 4ª, 5ª e 6ª edições desta prova nacional, nos anos de 1933, 1934 e 1935, já contaram com a participação do corredor Francisco Joaquim da Silva, que obteve o 8º (ou 13º?) e o 12º (ou 14º?) lugares nas duas primeiras em que correu, tendo desistido na terceira, devido a uma queda que o deixou bastante ferido e o levou à hospitalização. Em 1933 correu também na prova Porto – Lisboa (360 km) e classificou-se em 4º lugar e, ainda, no circuito de Castelo de Paiva (220 km), onde obteve o 1º lugar e ganhou uma medalha de ouro. Em 1935 foi Campeão do Norte. Ao longo desses três anos, participou em diversas outras corridas nas quais obteve vários segundos lugares e outras classificações honrosas. Por exemplo, em 1933, na prova Matosinhos – Valença – Matosinhos, classificou-se em 4º lugar, e no V Giro do Minho, ficou em segundo, apesar de ter sido vítima de um acidente que o obrigou a demorar-se dez minutos em Ponte de Lima. Todavia conseguiu chegar ao Porto apenas com 30 segundos de diferença do primeiro classificado. As camisolas que vestiu foram as do Atlético Campo de Ourique (Lisboa) e do Académico do Porto.
Em Janeiro de 1936, Francisco Joaquim da Silva, o Francês, “arrojado ciclista, natural de Monsul”, casou-se na Capela de Santo António de Gerás, com Isaura de Jesus Sousa, da Casa das Quintães, de Gerás.
Depois do casamento, o Francês fixou residência na vila da Póvoa e continuou a sua carreira de ciclista. Assim, em 1936, ficou em 7º lugar na VII Corrida Matosinhos – Valença – Matosinhos, e o 12º lugar no VIII Giro do Minho, em representação do S.C. Braga. Para além das provas em que participava, dedicou-se também à organização de corridas a nível concelhio e regional, tendo sido várias as provas que promoveu até 1938. A sua paixão desportiva não se limitou ao ciclismo, mas estendeu-se também ao dirigismo desportivo, pois em 1939-40, foi presidente da Assembleia Geral do SCMF, em 1940-41, foi eleito presidente da Direcção, e em 1942-43, vice-presidente da Direcção, tendo disponibilizando também, nesse tempo, a sua residência para sede do clube.
Ciclista talentoso, apaixonado pela modalidade, promotor de provas e competições na estrada, a melhor forma de ganhar a vida e continuar ligado ao seu desporto favorito foi abrir no Largo de António Lopes, em Janeiro de 1936, ano do seu casamento, um “estabelecimento vinário (vinhos, almoços, casa de pasto e mercearia.) e uma oficina de reparações, venda e aluguer de bicicletas”, tendo-se “celebrizado como mecânico e vendedor de bicicletas”.
Em 1948, a Câmara pagou-lhe a quantia de 125$00 pelo aluguer de bicicletas para transporte de funcionários em serviço do município. Em 1950, a imprensa anunciava que o “Bom Verdasco” era a 1$00 o quartilho nas tascas de Amélia Bastos, António Sardinheiro e Alvarino Queirós, e a 1$20 no Francês. E, então, o jornal apelava: “Aproveitem a ocasião, ó entusiastas do deus Baco”.
Francisco Joaquim da Silva aparece recenseado, desde 1946 a 1949, como comerciante. Contudo, em Novembro de 1947, há notícia de um pagamento de 90$00 que lhe foi feito pela Câmara por um “serviço automóvel”. Em 1950 já surge registado como motorista. Em 1953 comprou dois carros novos e modernos, da marca Opel Cadete, dando trabalho ao Amílcar Vieira de Macedo (1926-1991). Na década de sessenta, teve também dois carros na praça, trabalhando com o seu filho mais velho António Bernardino de Sousa e Silva. Os seus carros e os respectivos alvarás foram, por último, comprados pelos Irmãos Veloso.
Por Ismael Cruz (c) 2019
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